Uma greve dos trabalhadores dos Correios já provoca impacto direto no atendimento em Santa Catarina. A paralisação foi aprovada em assembleia estadual na noite de terça-feira, dia 16, com início às 22h, e ocorre por tempo indeterminado. O movimento é liderado por sindicatos da categoria e faz parte de uma mobilização nacional.
Em cidades catarinenses, os reflexos começaram rapidamente. Em Concórdia, no Oeste do estado, os servidores aderiram à greve e, segundo o sindicato local, apenas um funcionário permaneceu no atendimento ao público, enquanto toda a equipe responsável pela entrega de cartas e encomendas cruzou os braços. Com isso, os serviços ficaram comprometidos.
Vídeos e publicações em redes sociais mostram assembleias lotadas e discursos de lideranças sindicais. Em uma das falas, um funcionário identificado como Rafael, com 14 anos de carreira nos Correios, afirma que a empresa vive um momento crítico de má administração e convoca a categoria a fortalecer os piquetes. Ele também associa a greve à luta contra a precarização do serviço e a uma possível privatização.
O movimento ocorre em meio a uma grave crise financeira da estatal. Após anos de lucro, os Correios passaram a acumular prejuízos bilionários com o retorno do Governo Lula. O déficit já teria chegado a R$ 6,1 bilhões até setembro, levando a empresa a buscar empréstimos que somam dezenas de bilhões de reais como parte de um plano de reestruturação em análise no Ministério da Fazenda.
A direção dos Correios alega que a situação financeira inviabiliza a concessão de novos benefícios. As negociações com os sindicatos estão sendo mediadas pelo Tribunal Superior do Trabalho, mas até agora não houve acordo. A empresa aceitou discutir reajuste pela inflação, porém recusou pontos considerados centrais pelos trabalhadores, como o vale peru, o que levou à rejeição da proposta.
Entre as principais reivindicações da categoria estão reajuste salarial, manutenção de benefícios, adicional de 70% nas férias, pagamento de 200% nos fins de semana e um vale peru no valor de R$ 2,5 mil. Os trabalhadores afirmam que não podem ser responsabilizados pela crise econômica da estatal.
Além de Santa Catarina, a greve já foi aprovada em assembleias em estados como São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Ceará e Paraíba. Outros sindicatos em diferentes regiões do país optaram por manter o estado de greve, aguardando novos desdobramentos das negociações nacionais.
Com a paralisação, o envio e o recebimento de cartas, contas e encomendas tendem a sofrer atrasos. Em algumas cidades catarinenses, a orientação repassada à população é evitar o deslocamento até as agências enquanto durar o movimento grevista.
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