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Quinta-feira, 26 de Junho de 2025

Papo De Especialista

Produtores rurais de SC enfrentam impactos da guerra e cortes no setor agropecuário.

Conflito no Oriente Médio eleva preços de fertilizantes e cortes no Plano Safra dificultam o planejamento e ameaçam a produção de milho no estado.

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Produtores rurais de SC enfrentam impactos da guerra e cortes no setor agropecuário.
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A recente escalada de tensão entre Irã e Israel já começa a afetar diretamente o agronegócio catarinense. Os reflexos internacionais do conflito se somam aos cortes no Plano Safra 2024/2025, criando um cenário de preocupação entre produtores rurais de Santa Catarina, especialmente no que se refere aos custos e à viabilidade do cultivo de milho.

Segundo João Carlos Di Domenico, produtor rural e presidente da Cooperativa Agropecuária Camponovense (Coocam), o principal impacto imediato é o aumento nos preços dos adubos nitrogenados. “A guerra cria um transtorno logístico, principalmente no transporte marítimo, o que acaba alterando os preços. Quem está comprando ureia da região do Oriente Médio está pagando cerca de 50 dólares a mais por tonelada”, explica.

Em Santa Catarina, o milho é plantado entre os meses de setembro e outubro e depende fortemente do nitrogênio para sua adubação. Com a alta nos custos, muitos produtores já consideram substituir parte da lavoura por soja, cultura que exige menos fertilizante.

“Se o custo inviabilizar a cultura do milho, o produtor acaba optando pela soja. Isso pode agravar ainda mais o déficit de produção interna, já que nosso estado não tem safrinha e depende fortemente do milho para alimentar as cadeias de suínos, aves e leite. Hoje já temos um déficit de 5 a 6 milhões de toneladas, e esse número pode crescer ainda mais”, alerta Di Domenico.

Corte de recursos e insegurança

A preocupação do setor também está voltada para os cortes no Plano Safra. A redução de quase 50% nos subsídios para equalização de juros atinge especialmente os pequenos e médios produtores, que enfrentam dificuldades para acessar crédito com condições favoráveis.

João Carlos critica a falta de planejamento de longo prazo. “Não existe atividade agrícola sem otimismo. Mas o produtor precisa de uma política de longo prazo, com segurança para investir. O governo muda as regras no meio do jogo, sem considerar que a agricultura não pode parar. Nós temos janelas curtas para plantar e colher”, afirma.

Ele ainda destaca que as dificuldades atingem a todos, independentemente do tamanho da produção. “Não importa se planta um saco ou cem mil, todos são produtores. O que precisamos é de uma política justa, que valorize quem trabalha e produz neste país.”

Entre os pontos mais criticados estão o aumento do IOF sobre crédito rural e a redução das linhas de financiamento a juros controlados. Para o presidente da Coocam, seria essencial a criação de um plano de desenvolvimento agrícola com horizonte de pelo menos dez anos. “Sem previsibilidade, o produtor não tem como fazer investimentos de médio e longo prazo”, lamenta.

Otimismo no campo

Apesar dos desafios, João Carlos Di Domenico encerra com uma mensagem positiva, reafirmando a resiliência do homem do campo. “O produtor rural é, por natureza, otimista. Acredita na terra, acredita que vai dar certo. Mesmo com todos os desafios, seguimos firmes, porque produzir com qualidade, alta produtividade e em harmonia com a natureza é a nossa missão.”

FONTE/CRÉDITOS: Coocam.
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