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Quarta-feira, 30 de Julho de 2025

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Brasil pode seguir modelo europeu em acordo sobre tarifaço, mas pressão política é obstáculo.

No domingo (27), Donald Trump anunciou um acordo que baixou a tarifa imposta à União Europeia para 15%, e não mais em 30%.

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Brasil pode seguir modelo europeu em acordo sobre tarifaço, mas pressão política é obstáculo.
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A possibilidade de negociação sinalizada pelo governo brasileiro nesta semana entre Brasil e Estados Unidos sobre o tarifaço de 50%, anunciado por Donald Trump em 9 de julho, pode seguir acordos já firmados com a União Europeia e outros países. No entanto, o caráter político das demandas de Trump conferem um agravante inédito à negociação, segundo especialistas.

No domingo (27), o presidente dos Estados Unidos anunciou um acordo que baixou a tarifa imposta à Europa para 15%, e não mais em 30%, como havia sido anunciado em 12 de julho. Segundo o americano, a UE se comprometeu a investir US$ 600 bilhões nos EUA e firmará acordos para compra de energia e equipamentos militares norte-americanos.

Nas últimas semanas, Trump também anunciou tratados com Reino Unido, Indonésia, Filipinas, Vietnã e, o mais relevante, com o Japão. O prazo final para a retomada das tarifas é 1º de agosto.

Segundo Clarissa Franzoi Dri, professora do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o acordo com a Europa pode servir de modelo às negociações com o Brasil.— O acordo com a União Europeia significa também a possibilidade da negociação com o Brasil. A negociação se estendeu por meses. Se pensou em algumas ocasiões que esse acordo não seria realizado e ele foi realizado. Então pode acontecer o mesmo com o Brasil. É um sinal, um caminho — diz a especialista.

Fator político é inédito

Segundo a pesquisadora, o elemento que diferencia a negociação brasileira é a tentativa de condicionar as tarifas a questões internas do país. Na carta em que anunciou a medida sob as importações brasileiras, Trump pediu que seja encerrada a ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado. Ele também questionou decisões do Supremo sobre a regulamentação das big techs e o funcionamento do Pix, que concorre com produtos financeiros americanos.

— Isso não foi feito nas entrelinhas, ou colocado de modo discreto. Isso foi colocado abertamente pelo presidente norte-americano. A gente não vê esse tipo de ameaça diplomática, de ameaça à soberania e à integridade de um país, há muitas décadas — diz a especialista.

A pesquisadora contextualiza o tarifaço dentro de uma estratégia mais ampla dos EUA de se fechar para reverter o espaço econômico e comercial que vem perdendo para a China nas últimas décadas. De acordo com Clarrisa, a ação pode ter efeito de curto prazo, mas a médio e longo prazo não vai funcionar.

— Não é dessa forma que a liderança norte-americana vai se afirmar, muito pelo contrário. Isso só faz com que o Brasil busque parceiros que favorecem a autonomia e o espaço da negociação internacional do Brasil — pontua.

 

Veja como está o acordo dos EUA com outros países

  • União Europeia: alíquota ficou em 15% e o bloco se comprometeu a realizar investimentos nos EUA;
  • Japão: alíquota ficou em 15% e o país se comprometeu a realizar investimentos nos EUA;
  • Filipinas: o acordo previu alíquotas em 19% para os produtos filipinos, enquanto os EUA não pagarão tarifas no país;
  • Indonésia: as alíquotas no país também ficaram em 19% e 99% dos produtos americanos receberão isenção;
  • Vietnã: o acordo fechou as alíquotas em 20%;
  • Reino Unido: fechou negociações em alíquotas de 10% e redução de tarifas para o setor automotivo.
FONTE/CRÉDITOS: NSC.
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