A mãe e o tio de uma criança autista procuraram a Delegacia de Polícia Civil para registrar um Boletim de Ocorrência após ter sido negado um profissional da enfermagem na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Herval d´Oeste para acompanhar o menino no deslocamento até o Hospital Universitário Santa Terezinha, onde seria atendido por um pediatra.

Silmar Moreira da Silva conta que levou sua irmã e a criança autista de 5 anos no início da noite da terça-feira (7) para consultar na UPA, pois o menino estava ardendo em febre. Após ser atendido e receber medicação endovenosa (ministrada na veia), por volta das 23h, a criança recebeu o encaminhamento para o hospital.

A recepcionista da Unidade acionou o motorista da saúde para fazer o transporte do paciente. No entanto, ele teria desistido ao tomar conhecimento que não teria o acompanhamento de um profissional da enfermagem.

De acordo com Silmar, sua irmã lhe ligou, pois sugeriram que ela chamasse um Uber, ou que fosse a pé até o hospital, mesmo a criança estando com acesso venoso no braço.

Ambos foram até a Delegacia para registrar o ocorrido, onde receberam a orientação para voltar na UPA para falar com o responsável. Uma enfermeira teria se apresentado e alegado que haviam apenas duas enfermeiras e que se uma saísse o atendimento ficaria comprometido.

A família constituiu um advogado e pretende processar o município.

O que diz a UPA

O responsável técnico da UPA, enfermeiro Eduardo J. De Souza, informou que o fato está sendo apurado, mas num primeiro momento acredita que tanto o motorista, quanto a equipe de enfermagem estavam respaldados, pois não era uma questão de emergência.  

Eduardo destaca que a criança recebeu atendimento na Unidade e foi medicada. No entanto, a médica achou melhor uma segunda opinião, por isso pediu o encaminhamento ao hospital.  “Ocorre que no momento em que o motorista chegou para realizar a transferência, não tinha como liberar um dos técnicos para acompanhar a transferência e, considerando que a criança já estava estável, não era mais uma emergência, pois a mãe poderia ter se aguardado a demanda de atendimentos reduzir para conseguir liberar um profissional. Porém, ela optou por ligar para um familiar, e pelo que consta no boletim de ocorrência, foram com a criança até a Delegacia de Polícia para registrar o boletim de ocorrência, e só depois se deslocaram ao hospital, onde o paciente foi avaliado”, observou.

O responsável técnico explica que o motorista estava respaldado por uma deliberação que impede a transferência de pacientes entre uma unidade e outra sem o acompanhamento de um profissional de enfermagem. O enfermeiro também estava respaldado, pois a criança já estava estável e não corria mais risco, iria apenas para uma avaliação mais completa.

“Naquele momento, o enfermeiro não teria como liberar um técnico de enfermagem, considerando que uma funcionária já estava de atestado e a outra já havia feito 6 horas e iria cumprir mais 12 horas para cobrir o atestado. Tanto que ela acabou passando mal no final do plantão, foi medicada e teve que ser dispensada”, justificou.

O profissional destacou ainda que a UPA tem atendido acima do limite máximo, que é de 150 pessoas por dia. “Estamos atendendo uma média de 205, 210 atendimentos. Isso prejudica bastante o fluxo de trabalho, porque os profissionais ficam sobrecarregados, adoecem com mais facilidade, enfim, compromete o serviço. Temos orientado à população quando procurar a UPA e quando procurar o serviço de atenção básica de saúde”, concluiu o responsável técnico da UPA.