A morte de uma menina de 4 anos causou comoção e revolta em Barra Velha, no Norte de Santa Catarina. A família alega que Sofia Emanueli Ribeiro Pereira estava com dengue grave e não recebeu atendimento adequado na unidade de pronto atendimento 24 horas da cidade.

Segundo a mãe, Ana Maria, ela buscou atendimento três vezes no local. A primeira foi na última segunda-feira (25), quando Sofia apresentou febre de 39.7ºC. “Corri com ela pra lá e deram ficha laranja, tinha que ser atendida em 10 minutos, mas esperamos muito”, conta.

A mãe se assustou quando mediu a temperatura da filha na unidade. “Quando viram que ela ia convulsionar, levaram para uma sala, fizeram compressa de água fria pelo corpo e deram medicação. A médica deu atestado e pediu exame de dengue. Só que não marcavam no dia. Pediram meu número para ver o dia que iam marcar”, detalha Ana.

Em casa e já no dia seguinte, a família decidiu fazer o exame de dengue particular em uma farmácia, que deu positivo. Além disso, seguiram o tratamento com suplementos e vitaminas. A mãe, porém, percebeu que a garota continuava muito inchada e retornou à unidade.

“Levei ela lá mal. A barriga e os olhos estavam inchados. Ela passou pelo médico que deu só antibiótico. Viu que era gastroenterite bacteriana, mas que não era, e junto com dengue. Não pediu nenhum exame”, comenta a mãe, que voltou para casa.

Entretanto, o quadro da filha piorou ainda mais. “Ela estava gelada e me pedia muita água. Dizia também que doía muito”, relembra a mãe emocionada. De volta à unidade, na sexta-feira (29), a criança, dessa vez, entrou em parada cardiorrespiratória e foi levada às pressas para o Hospital São José em Jaraguá do Sul.

Último copo d’água

“Na salinha da emergência, ela me pediu um copo d’água, que seria o último que eu conseguiria dar pra ela. Daí os médicos já levaram para a UTI e fizeram tudo que podiam”, diz a mãe.

Sofia faleceu no hospital nesse domingo (31). Na certidão de óbito, há a confirmação de que uma das causas da morte foi dengue D, o tipo mais grave da doença, além de insuficiência renal aguda e choque hemorrágico.

O velório da menina iniciou na madrugada desta segunda-feira (1º), na capela Santa Rita, no bairro São Cristóvão. Já o sepultamento ocorreu nesta manhã no cemitério central da cidade.

Família alega negligência médica

Segundo a mãe, o sentimento é de injustiça. “Eu confiei no médico. Um exame ele podia ter salvo minha filha. Deveria ter pedido um exame para saber a gravidade da dengue. Era isso que precisava para interná-la”, desabafa.

A Secretaria Municipal de Saúde informou que vai instaurar uma sindicância para apurar eventuais irregularidades, assim como todos os aspectos do atendimento prestado à vítima. A prefeitura também confirmou a reportagem que o prefeito já pediu o afastamento do médico até finalizar a sindicância.